Foto: Aline Barros / BrasilTurismo.com
Mata Atlântica, passeios por ilhas e cultura de comunidades Quilombola e Caiçara são atrativos do cicloturismo pelo litoral de São Paulo e do Paraná
Por Gabriel Fialho / Ministério do Turismo
À primeira vista pedalar pela areia pode parecer uma tarefa árdua, mas no circuito de Lagamar, no litoral paulista e paranaense, o desafio é realizado até por ciclistas iniciantes. Há pouco mais de um ano, o município de Ilha Comprida (SP) tomou a iniciativa de estruturar um roteiro para atrair turistas e movimentar a economia da região. Ao longo dos 176 quilômetros do percurso oficial, que inclui trechos de asfalto e estradas de terra, os aventureiros podem desfrutar de praias vastas e desertas do Vale do Ribeira, uma área remanescente de Mata Atlântica.
Responsável por traçar o circuito e pela empresa que gere o projeto, o biólogo William Mendes é amante de bicicletas desde criança e passou a pedalar por longas distâncias há quase 20 anos. Ele pesquisou outros roteiros, como o Vale Europeu, em Santa Catarina, para definir as características do passeio por Lagamar, que entrou em operação em novembro de 2015. “É um circuito pensado para iniciantes. Por ser uma região de praia tentei pensar o trajeto sempre com pouca subida”, comenta.
A diretora de turismo de Ilha Comprida, Christini Hudson, garante que o retorno para a economia da região foi rápido e que o custo-benefício do projeto foi vantajoso para a cadeia do turismo. “O cicloturismo movimentou a região. Estamos recebendo gente do Brasil inteiro e o investimento do município foi baixo se comparado ao retorno”, comemora a gestora.
Outra vantagem é que os aventureiros preferem viajar na baixa temporada, que começa após o Carnaval, movimentando a economia por um período mais longo. “Atendemos a um público especifico, que nos visita fora da temporada. Eles procuram épocas mais tranquilas”, prossegue Christini.
O trajeto principal é dividido em cinco trechos entre os municípios paulistas de Ilha Comprida, Iguape, Pariquera-açu, Jacupiranga e Cananéia. Quando estiver pedalando, o turista conta ainda com o auxílio de Placas Diretório, uma em cada cidade, instaladas em pontos estratégicos e que reúnem as principais informações do roteiro. “São placas ecológicas, com maior resistência e durabilidade. Elas foram feitas com material reciclado. Cada placa retirou 52,5 Kg de lixo da natureza”, explica Mendes.
O percurso pode ser feito no período de três a cinco dias, dependendo do perfil do ciclista. No guia elaborado para os cicloturistas há informações sobre altimetria, mapa com as principais rodovias, rios e as cidades que integram cada trecho. Também estão listados os serviços, telefones e sites dos órgãos de saúde, segurança e turismo, os meios de hospedagem e o calendário de eventos municipais. Ao final do trajeto, o turista recebe um certificado comprovando que completou o circuito.
ROTAS ALTERNATIVAS – Outra opção para os turistas são os roteiros complementares ao principal, com rotas que levam a ilhas do litoral paulista e paranaense. São quatro trechos: Entre Ilhas; Costão Rochoso da Juréia; Parque Estadual Campina do Encantado e; Comunidade do Ariri. De acordo com William Mendes, os circuitos anexos foram desenhados para divulgar a região por completo.
“No guia que fizemos para orientar os turistas, traçamos outras rotas que, somadas ao circuito oficial chegam a 690 quilômetros de extensão. Isso porque a região é tão rica em atrativos naturais, que é reconhecida pela Unesco como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Temos dunas, restingas e manguezais, além de uma fauna diversificada em uma área com Unidades de Conservação de diversas categorias. Além disso, temos comunidades tradicionais de quilombolas e caiçaras. Então, achamos melhor incluir tudo”, destaca Mendes.
No circuito “Entre Ilhas”, os turistas podem percorrer as praias da Ilha Comprida, Ilha do Cardoso e Ilha do Superagui, esta última no Paraná. São 270 quilômetros de extensão e vários trechos feitos em barcos.
Para chegar ao Costão do Rochoso da Juréia, o ciclista tem um trajeto de 74 quilômetros saindo de Iguape. O circuito inclui estradas de asfalto, trechos de areia e subidas acentuadas. O atrativo principal é a vista do Mirante do Cristo, de onde se contempla o mar pequeno.
O Parque Estadual Campina do Encantado é uma Unidade de Conservação com 3,2 mil hectares, com grande diversidade de fauna e paisagem composta por restingas em um percurso de 38 quilômetros.
Já a rota Comunidade do Ariri é o trecho com mais subidas acumuladas, começando no município de Itapitangui e com 116 quilômetros de extensão. O percurso passa pela Comunidade Quilombola do Mandira, que tem atrativos como a Cachoeira do Mandira, viveiro de ostras e Casa de Pedra. Ainda no caminho, o ciclista poderá conhecer o Sítio Duas Quedas, com passeio guiado até a Cachoeira Rio das Minas. Por fim, na Comunidade do Ariri, o visitante conhece as riquezas culturais caiçara, incluindo a gastronomia e histórias contadas pelos antigos moradores.