O preço médio das passagens aéreas durante o primeiro trimestre deste ano foi 7,9% superior aos valores médios cobrados no mesmo período de 2017, já descontada a inflação. Segundo dados divulgados hoje (29), pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a tarifa média paga entre janeiro e março foi de R$ 361,03, o maior registrado desde 2015 para o período.
A média aritmética, contudo, não revela a variação dos preços por regiões,o que pode ajudar a explicar o sentimento dos usuários que afirmam estar pagando bem mais pelos bilhetes que o índice médio apurado pela agência reguladora, conforme explicou o gerente de Acompanhamento de Mercado da Anac, Cristian Reis. Segundo ele, os preços dos bilhetes aéreos subiram em todas as regiões do país, especialmente na Região Norte, onde foram observadas “altas relevantes”.
“Cada região do país tem características diferentes de custos e de demandas. São mercados distintos. Quando falamos de um aumento de 7,9%, estamos falando da média, do mercado como um todo”, declarou Reis ao ser perguntado sobre o peso que têm, nos cálculos da Anac, rotas como São Paulo-Rio de Janeiro, onde a demanda é muito grande e a oferta de passagens promocionais é comum. Em 2017, por exemplo, a ponte aérea entre os aeroportos Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP) respondeu, sozinha, por cerca de 4 milhões dos 40 milhões de passagens vendidas durante o ano.
“A ponte aérea, por exemplo, é das rotas mais movimentadas do país. Naturalmente, tem uma influência muito forte sobre as médias ponderadas, que levam em conta a quantidade total de passagens vendidas”, disse Reis.
Os dados regionais não foram anunciados durante a divulgação da média nacional, esta manhã, em Brasília. E ainda não foram disponibilizados na página da Anac, na internet. Os representantes da agência reguladora, no entanto, garantiram que a variação registrada em cada uma das 27 unidades da federação será publicada em breve. As informações sobre a evolução das tarifas aéreas domésticas são reunidos na página da Anac.
Aumento da demanda e dólar
A alta do preço nos últimos três meses foi provocada pelo aumento de 3,4% na demanda por passagens aéreas em comparação ao mesmo período do ano passado, além da valorização do dólar e da alta no preço do querosene de aviação, que ficou 18,5% mais caro desde janeiro último, passando a responder por 31,4% dos custos operacionais das companhias.
Os técnicos da Anac também afirmaram que ainda não é possível saber como a autorização para que as empresas aéreas passassem a cobrar pela bagagem despachada em voos nacionais vai, de fato, impactar o preço final das passagens. De acordo com Reis e com o superintendente de Acompanhamento de Serviços Aéreos da Anac, Ricardo Catanant, a avaliação do real efeito das mudanças nas regras na franquia de bagagem pode levar até cinco anos.
A autorização para que as empresas passassem a cobrar pelos itens despachados em voos domésticos foi aprovada pela Anac em dezembro de 2016 e passou a vigorar em junho de 2017, após questionamentos na Justiça. A suspeita de que os preços não caíram motivou o Tribunal de Contas da União (TCU) a instalar uma auditoria para verificar os reais efeitos da medida.
Fonte: Agência Brasil